quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Carências...

A monotonia do nosso matrimónio, há muito que fazia dele uma relação sem significado.
A paixão e o amor que outrora faziam parte da nossa convivência, pareciam agora tomados pela frieza, pela distância e pela indiferença. Não tínhamos filhos e nem sequer haviam outras pessoas envolvidas nas nossas vidas. Talvez fosse cansaço, saturação e pouca vontade de continuarmos juntos deste modo. Já não eram os pertences que nos uniam, as recordações passadas, os momentos vividos…
Tudo se diluiu com o passar do tempo, quiçá tomados por uma estranha acomodação, por uma monotonia doentia, por uma vida demasiadamente rotineira…
Certa noite, acordei a meio do meu sono e tomado por um silêncio absurdo, dirigi-me à janela da sala. A temperatura era agradável, amena… O tempo parecia tranquilo, calmo e apelativo a uma saída ao exterior. Estava em tronco nú, ainda quente pelo lençol da cama, marcado no rosto pela fronha da almofada e bastante preso de movimentos. Deixei-me estar, meditando sobre atitudes e procurando soluções para esta situação que há muito me tomava de assalto todos os dias da minha vida. Julgava-me sozinho naquele quadro de paz, de tranquilidade e de sossego, quando senti uns pequenos passos a aproximarem-se e a virem ter comigo. Ela, tinha igualmente acabado de acordar e num estado semelhante ao meu, aproximou-se e abraçou-me pelas costas. Beijou-me ternamente, de uma forma carinhosa, mimando-me até me fazer suspirar. Senti-me bem com aquele afecto, com aquele toque e com aquela doçura que tão bem sabia fazer…
Virei-me e sorri-lhe, ainda que invadido por uma enorme tristeza interior. Não lhe consegui retribuir o gesto com a mesma intensidade, embora a tivesse beijado na testa com o mesmo respeito que lhe sempre tive. Dos olhares de ambos brotava lamento, angústia e uma mágoa profundamente sentida. Parecia que nada mais havia a fazer, até que um beijo, um simples e doce beijo surgiu e dele fez brotar toda a paixão adormecida em nós. Abraçámo-nos num tocar apertado de corpos, numa sede descontrolada de sentires, numa forma louca de saciarmos vontades…
Senti-a percorrer-me o corpo num misto de suavidade e de energia. As suas mãos quase desenharam os contornos da minha complexa anatomia, desejando-me, querendo-me, fazendo-me sentir homem... Tocou-me, beijou-me e sentiu-me como há muito não o fazia. Explorou-me pedaço a pedaço, centímetro a centímetro, numa busca sedenta e meticulosa por prazer. Desceu sobre mim, mimando-me e oferecendo-me o maior prazer que um homem pode sentir. Continuou paulatinamente, ávida, sedenta e sem hesitar um só instante, desejando ardentemente que o meu orgasmo a recompensasse pelo seu desejo. Verti-me naqueles lábios com um instinto demasiadamente carnal e primitivo. Suspirei, respirando ofegante por entre as pausas que aos poucos me fizeram voltar ao estado normal…
Retribui, abraçando-a, beijando-a e puxando-a de encontro ao meu corpo. Levei-a até ao sofá fazendo-a sentar, ajoelhando-me e premiando-a por tudo o que me fizera sentir momentos antes. Insisti com um oral intenso, sublime e repleto do meu ser…
Puxei-a novamente para mim e na mesma posição com que a degustei, entreguei-lhe o meu corpo, penetrando-a e fazendo-a sentir-se minha. Voltei a abraçá-la, trazendo-a de encontro ao meu ventre, fazendo-o com força, com vontade e com um desejo que julgava não mais ser possível viver.
Senti-a entregue, amada e preenchida por aquele momento. O abraço e o beijo terno com que no fim nos mimámos, foi tudo aquilo que mais ansiávamos alcançar.
De volta ao nosso leito, adormecemos lado-a-lado, usando a espontaneidade do amor daquela noite para nos reconciliarmos e voltarmos a viver tudo aquilo que há muito parecia perdido…

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