sexta-feira, 30 de julho de 2010

Praias...

Final de tarde na minha praia...
O areal é pequeno, ladeado por enormes rochas e com um pequeno acesso a dividir a estrada de um dos meus lugares de descanso predilectos.
Confesso que água do mar não é das mais quentes naquela zona, embora também nunca o tivesse sido. A areia e apesar de extremamente limpa, é grossa e causa um certo desconforto ao caminhar descalço sobre ela. Contudo, o sossego e a paz de espírito que aquele lugar me oferece, há muito que me cativa. A ausência de uma multidão sedenta por praia, faz-me gostar ainda mais daquele recanto quase privado e é natural sentir-me extremamente bem por ali.
Nunca foi um espaço perfeito para banhistas pelas razões que enumerei, embora se tenha tornado num local obrigatório para tomar uns relaxantes banhos de sol naquela imensa tranquilidade ou para quem queira colocar a leitura em dia através de um bom livro.
Por tudo isto, fidelizei-me à "minha areia", como simpaticamente lhe chamo.
Certo dia e num final dessas minhas tardes, reparei na descontracção com que uma rapariga ali se encontrava. Mergulhou na água fria, regressou à toalha, enrolou o cabelo e retirando a parte superior do biquini, deixou-se invadir pelos raios de sol. Mais do que ver uma mulher de seios descobertos, fascinou-me a forma sensual como se movimentava, como delineava cada passo e executava cada acção como se tudo fizesse parte de si. Por mais que quisesse, não me consegui abstrair daquela imagem, não só pela perfeição da sua nudez, mas por tudo o que envolvia aquele momento. Não desviei o meu olhar por qualquer instante, apaixonando-me pelo seu sossego, pelo modo como se tocava, pela forma como me derretia. Virou-se, pegou numa revista e esfolheou-a como se ninguém a observasse, como se não quisesse olhar para mais nada...
Levantei-me, dirigi-me ao mar revolto e gélido diante de nós, arrepiando-me e cruzando os braços com o intuito de me proteger dos salpicos das ondas que estrondosamente iam rebentando nas rochas. Aproximei-me um pouco dela, desta vez com a pura vontade de a consumir visualmente. Denunciado pela sombra do meu corpo, sentiu-me perto, controlando os meus passos e tentando-se proteger de algo...
Nunca seria capaz de magoar aquele ser, graciosamente moldado por um físico divino e exibindo uma postura que me deixara indefeso. Sorri apenas, voltando para o meu lugar...
Discretamente e separados pela distância, fomos trocando olhares cúmplices, quase formalizando convites sobre quem abandonaria a sua toalha para ir até junto do outro. Enchi-me de coragem e com o coração descompassado, caminhando até ela. Com os olhos escondidos pelos óculos de sol, sorri-lhe com o "olá" nervoso... Ela retribuiu o gesto, mantendo-se deitada de frente e protegendo o peito nú do meu olhar. Dobrei a toalha e sentei-me a seu lado...
Apresentei-me, soube o seu nome, a sua idade, o que fazia... Aos poucos, a conversa subia de interesse, de intensidade e a noite começou a cair sobre nós. Ela levantou-se e sem qualquer pudor, colocou novamente o biquini... Sorriu-me, aproximou-se e beijou-me os lábios graciosamente. Pegou na toalha, colocou-a no pequeno saco que trazia e despediu-se...
Vi-a partir em direcção à estrada, sempre com a esperança de a tornar a ver. Deixei-me ficar por breves instantes, entregue à minha solidão, ainda que imensamente preenchido. Quando cheguei ao meu carro, encontrei no chão a mesma revista que ela lera na praia...
Afinal há algum tempo que também me via, conhecia da "minha areia" e nunca dissera nada.
Ver-nos-emos por lá... Certamente!

domingo, 11 de julho de 2010

Tréguas...

Tarde, quase noite...
Do alto daquela encosta escarpada sobre o mar, encontrámo-nos para resolver um conflito que há muito nos separava. Assuntos mal resolvidos, acusações de parte a parte e um sem número de erros grosseiros, fizeram com que ali estivéssemos àquela hora para conversarmos e colocar um ponto final numa zanga que se arrastava há demasiado tempo.
Ao longe, o sol sumia-se timidamente pelo horizonte, parecendo ser engolido pelas águas de um oceano tranquilo e imenso.
Dentro do carro, um silêncio asfixiante tomava conta de nós, incapaz de quebar o gelo ou de ser um aliado no começo de uma conversa tida como inevitável. Respirei fundo e comecei a falar...
Civilizadamente, mantive um discurso coerente, denotando lucidez, assumindo erros e apontando ao que não me parecera correcto. Do outro lado, ela mantinha-se cabisbaixa, tão culpada quanto eu, tão inocente como também eu...
Respondeu-me com educação, inteligência e enumerando tudo o que lhe pareceram atitudes irresponsáveis e reprováveis. Da sua boca saía uma voz contagiante, bem diferente daquela que uns dias antes vociferava e parecia lançar fogo sobre mim. Limitei-me a seguir os movimentos daqueles lábios, perdendo o interesse no raciocínio que dela advinha, focando-me exclusivamente nas expressões que ela transmitia ao sabor das suas palavras. Ceguei por completo e agindo como se viajasse no mais perfeito dos sonhos, aproximei-me e beijei-a como se na minha impetuosidade estivesse a única solução para terminar a nossa guerrilha.
Ela quebrou e vencida pelo desgaste das discussões, retribuiu o carinho, molhando-me o rosto com um lágrima de alívio, ainda que pincelada de alguma raiva interior. Foi fácil de a compreender, também me mostrando feliz pelo desfecho a que atrevidamente me expus, sem saber a que resultado chegaria. Seguido do beijo, um abraço sentido reforçou a nossa trégua, ainda que tivesse tido a capacidade de soltar os nossos desejos mais primitivos. As mãos trémulas por um incontrolável nervoso miudinho, depressa percorreram o corpo de ambos, fortalecendo um novo beijo e enterrando de vez o machado de guerra que nos separava. Desajeitados e inconscientes, despimo-nos o suficente para fazermos amor. Senti-a trepar para o meu colo, levantando um pouco a saia e entregando-se por completo, permitindo que a possuísse e lhe tocasse. Abriu a camisa, oferecendo-me os seios espetados e ávidos dos meus lábios... Apertei-os, beijei-os e lambi-os como se ali estivesse tudo o que necessitava para nos conceder o perdão. Abracei-a com força, sentindo aquele volumoso peito de encontro ao meu e aumentando o ritmo com que nos fomos saciando.
Apesar de desconfortáveis, nunca aquele lugar nos terá parecido tão perfeito. Cúmplices e sedentos, dalí saímos sem nada mais a discutir... Pelo menos, até hoje!

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