quinta-feira, 16 de abril de 2009

Aulas...

Há algum tempo que tinha voltado a frequentar o Ensino Superior.
A necessidade de uma maior formação académica aliada a uma vontade de realização pessoal, tinham-me forçado a continuar os estudos em horário pós-laboral. Os semestres sempre foram cansativos, exigentes e nem mesmo as cadeiras mais simples pareciam sempre fáceis de ultrapassar. Ao longo do tempo, deparei-me com bons e maus colegas, bons e maus docentes, mas como em tudo na vida, estava ali por mim, procurando alcançar os meus objectivos e tentando vencer os obstáculos com uma razoável força de vontade. No entanto e nas enormes secas que eram algumas das aulas, a atenção virava-se para outros campos, quer fossem mulheres, automóveis, futebol e tantos outros temas que a atenção prendia. Numa dessas aulas, recordo-me de uma chamada de atenção da professora de Álgebra para o meu alheamento e devo confessar que a situação foi deveras incómoda para mim. No final daquele dia, voltei a cruzar-me com a mesma professora e da mesma forma que tantas vezes sentia a minha mente levitar e ocupar-se de outras matérias, imaginei-a comigo, em minha casa, despindo-a, tocando-a, tornando-a minha…
Era uma mulher atraente, não muito mais velha do que eu, mas por quem nunca tinha idealizado qualquer fantasia. Naquele dia, talvez aquele correctivo me tenha feito despertar e olhá-la com outros olhos, levando-me a procurar melhorar o meu comportamento e fazendo com que a minha atenção se prendesse unicamente com ela. Nos dias seguintes, a matéria continuou enfadonha, aborrecida e monótona, embora a minha postura se focasse de tal forma naquela mulher, que dava a sensação de que realmente estaria interessado nas lições. Por fim e numa véspera de exame, pediu-me para ir ter com ela no final da aula. Ficámos sós naquela sala e fui confrontado com a minha falta de interesse naquela cadeira. Permaneci calado, sem conseguir articular qualquer palavra ou elaborar um raciocino lógico que me conseguisse ilibar da minha atitude. Apenas me concentrava naqueles lábios, naqueles carnudos lábios que se moviam e debitavam palavras que para mim não tinham qualquer validade. Levantei-me, pedi-lhe para sair e no instante em que o fiz, senti-a tentadoramente perto. Ambos parámos e naqueles momentos de silêncio, cometi a ousadia de a beijar, de a sentir em toda a sua plenitude, de a conseguir trazer para mim…
Com o mesmo impulso, senti-me acordar, corando, envergonhando-me e pedindo de imediato desculpa pela minha loucura. Senti a boca seca, um pânico imenso e o desejo enorme de desaparecer dali o mais rapidamente possível. Ela permaneceu imóvel, apática e igualmente sem qualquer reacção. Pegou nas suas coisas e saiu…
Segui-a até à casa de banho, tentando desculpar-me e procurando remediar o meu gesto.
Entrei naquele espaço exíguo e embora fosse exclusivamente feminino e interdito a alunos, não receei por quebrar mais uma regra. Aproximei-me dela e voltei novamente a pedir-lhe desculpa. Ela virou-se e olhando-me nos olhos, soletrou um “porquê” por entre dentes. O nervosismo e a inquietação consumiam-nos e novamente num acto de completa insanidade, voltei a beijá-la. Puxei-a para mim, sentindo-a entregue, absorvida e da mesma forma com que a beijava, senti-lhe a vontade de retribuir no mesmo beijo. Tocou-me, apertou-me de encontro ao seu corpo, excitando-me e acariciando-me como se me quisesse naquele momento. Deixou-se encostar à parede e desapertando-me o cinto, aceitou que lhe tocasse, que a sentisse, que a penetrasse.
Fizemos amor num ímpeto de loucura e de utopia. Aquele momento não poderia ser, jamais poderia estar a acontecer e ainda menos naquelas circunstâncias. Apesar da hora tardia e da quase inexistência de pessoas naquele edifício, o receio de sermos surpreendidos não só terá contribuído para aumentar a excitação, mas também para o termos feito de uma forma bastante mais contida. Realizados pela satisfação que a ambos proporcionou, saímos dali com a irrealidade daquele acto bem patenteada na nossa mente. Nada durmi naquela noite, nada estudei para aquele exame… O receio de que algo mais grave pudesse ocorrer caso ela participasse de mim ou se tivéssemos sido vistos por alguém, não parava de me atormentar a consciência.
No entanto, nada aconteceu e acabei mais uma vez reprovado naquela maçadora disciplina que nunca me atraiu. Devo confessar que aquela professora cujo nome trago comigo, continua a ser uma maravilhosa amiga colorida que ainda me preenche e realiza.
A cadeira, essa, há-de ser feita um dia, com maior ou menor dificuldade…

17 comentários:

... disse...

Chama se a isso... loucura temporária... e que doce loucura
beijo

red_shoes disse...

Fiquei sem palavras, extasiada com o que li.
Esses momentos, que eu penso ser únicos, são maravilhosos.
Gostei da escrita.
A disciplina, mesmo que uma seca, há-de ser feita.
Abraço

MIG-L disse...

Obrigado Felina, Obrigado red_shoes! Para qualquer crítica mais extensa, não hesitem em me escrever para nuno_arkan@hotmail.com
Terei todo o gosto em responder.
Muito obrigado mais uma vez.
NM

Anónimo disse...

ah, já sei que a coisa aqui flui mto bem!
olha quem encontro!!
minha amiga do coração, a felina
!!
depois de velha (idosa mesmo! - minha amiga não me deixa mentir!) voltei às salas de aulas, nossa, a princípio eu parecia um extra terrestre,
colegas novos, professores de minha idade ou mais jovens, e eu ali,
feito um estranho no ninho, no caso,
uma estranha.
tinha dias que eu pensava assim:
mas o que que estou fazendo aqui?
e só achava que era papel de boba,
muita coisa não fazia sentido...
resisti nem sei como,
agora,
me formo em julho, numa carreira que há muito sonhava pra mim,
fui contra a família e contra todos aqueles que insistiam em me dizer
que "era bobagem".
não importa,
resisti.
e resisto, ainda, bem verdade.
mas no dia em que eu olhar pra aquele diploma e vir meu nome lá,
nossa,
pode saber de uma coisa!!
vou mandar muita gente pra merda!!
!rs!
né, fe??
...
ah, vale dizer que concluí minha pós-graduação em 1983, e qdo penso nisso... sou mto corajosa, mesmo
!!

Anónimo disse...

Adorei seu blog
Sexy e de mto bom gosto
Bjssssssssss

Hellena

Seline disse...

Olá,
Vim retribuir a visita que fizeste ao meu blog.
Gosto da forma como te exprimes. Da sensualidade que imprimes nos relatos.
Dizer-te apenas que foi um prazer "perder-me" por aqui.
Beijo

Anónimo disse...

Thank you for passing by!
I enjoyed reading your post, life in short episodes.
Have yourself a very nice weekend and let us know what you're up to....

Sensualidades disse...

fantastico

jokas

Paula

BlackQuartzo disse...

O impulso.


Abraços

Moura ao Luar disse...

Hehe deve ser por isso que ando cheia de ir fazer o mestrado ;-)

Daniele disse...

Poxa, acho que todo mundo já teve algum interesse no professor(a), nem que pelo menos uma vezinha..

Acho esta profissão tão forte, sedutora e, ao mesmo tempo, com um toque de proibido, sendo estes ingredientes essenciais que fazem com que as alunas (os) sintam coisas pelos mestres...rsrs.

Tuga, gostei muito do texto!

Um beijo estalado e Boa semana
Daniele

Carla disse...

...fiquei sem saliva...com a boca totalmente seca...
só tenho pena de nao ter sido eu, um dos intervenientes do texto...

beijo meu

Palma da Mão disse...

De facto o regresso às aulas e a tudo o que isso nos recorda a memória, são misturas de momentos mais ou menos bons, pelos quais, acho que todos um dia queremos voltar...gostei do teu canto, voltarei...
Obrigada pela visita e pelo carinho, volta sempre que quiseres, a porta está sempre encostada...
Beijinhos
Liliana

Sacerdotisa disse...

Preciso urgentemente voltar a escola para tomar umas aulas...

Será que tenho chances de encontrar um professor que queira me ensinar algumas coisinhas?

Beijos, honey.

Anónimo disse...

ola
tenho passado algumas vezes pelo teu blog e sou sempre tentada a deixar um comentario. no entanto, so hoje é que tomei a ousadia de enviar e tb de te adicionar no msn...
julgo que pertencerás ao núcleo de pessoas mais fascinantes para a minha existência!
pena é escreveres só de vez em quando, mas tb por outro lado, deixas nos (os teus leitores) empolgados para sbr quando voltarás a escrever...

Espero que não leves a mal por te ter adicionado. não quero de todo invadir a tua privacidade apesar desta ser um mistério bastante interessante para se descobrir..

hugs,
barbara

Geraldes Lino disse...

Confrade bloguista NM (pelo endereço do seu e-mail sei que se chama Nuno)
Vim ter ao seu blogue (eu tb tenho um, mas dedicado à BD)por mero acaso, por ter visitado o de uma pessoa minha amiga.
Li alguns "posts", e encantou-me em especial este. Porquê?
Pq o seu texto está extremamente interessante e bem escrito, literária e ortograficamente.
Mas o que mais me deslumbrou foi a imagem, extremamente apropriada, que ilustra a postagem.
Fiquei com intensa curiosidade acerca do seguinte pormenor: foi você que fez a foto? Não, não foi, respondo já, não quero ser acusado de ingénuo, muito provavelmente encontrou-a slgures, e aproveitou-a.
Ou hipótese mais rebuscada - encontrou a foto e, inspirando-se nela, escreveu este episódio erótico e ficcionalmente apelativo.
Parabéns.
GL

Geraldes Lino disse...

Onde está "slgures" leia-se "algures".
Mero erro de teclagem, mas a palavra tinha ficado incompreensível.


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