quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Cartas!

“Há imenso tempo que a tua imagem me perdura e ecoa pela mente.
Ainda estávamos com destinos tão opostos e mergulhados em relações que julgávamos tão certas, quando nos cruzámos e nos sorrimos pela primeira vez. Recordo aquele instante com saudade, embora na altura pouco ou nada me tivesses feito sentir. Talvez tivesse sido por alguém ocupar os nossos corações, as nossas mentes e os nossos dias tão cinzentos quanto a vida que levávamos… Mais não consigo precisar!
Aos poucos, fui ficando cada vez mais livre, desimpedido e sem qualquer compromisso que me fizesse acreditar num novo amor. Do outro lado, estavas tu… Consciente, entregue a alguém que também me dizia muito e que sinceramente, sempre acreditei que fosse possível prolongar para toda a vida. No entanto, foi com surpresa que te recebi, cabisbaixa e assustadoramente descrente numa possível vida a dois. As coisas terminam e começam sem que por vezes façamos muito por elas, ainda que a culpa tenha de ser sempre repartida em qualquer dos momentos. A experiência assim me diz…
Apesar de tudo, os dias foram passando deixando-me crente num possível reatamento. A tarefa foi e é sempre árdua, com cedências de parte a parte, mas nunca impossível. Talvez tivesse sido isso que me levou a cegar completamente perante a tua insistência em relação a nós. Nada vi ou consegui alcançar até sentir o calor e o sentimento do teu beijo nos meus lábios. Rendi-me perante a confusão, alheando-me de quem éramos, onde estávamos e do que pretendíamos… No meio de todo este turbilhão de emoções, tudo ficou mais visível e avassaladoramente real a partir do instante em que fizemos amor. Em nenhum daqueles momentos senti um cínico saciar de corpos, uma hipócrita vingança perante o que te tivessem feito passar e até mesmo um aproveitamento desmesurado dos meus sentimentos. Tudo foi sublime, encantador, belo e indiscritível… Em cada um daqueles instantes em que nos entregámos e nos consumimos, deixámos sempre no ar o secretismo do nosso amor, das nossas vontades e desejos, da consciência adulta do que estaríamos a fazer e da maravilhosa sede de o repetir. Jamais esquecerei a vibração do primeiro beijo, a intensidade do primeiro toque, a paixão do primeiro momento. Escrevo-te agora pela nostalgia e pela saudade que por aqui se instala. Sei que estarás sempre pronta a receber-me com o mesmo entusiasmo e amor que igualmente nutro por ti. Talvez um dia, quando a vida o permitir, o possamos viver intensamente… Para já, evidencio tudo aquilo que me consome e que ardentemente, se deseja exprimir. Até qualquer dia!”

3 comentários:

Unknown disse...

É uma carta muito pessoal. Não sei se a deva comentar... Mas senti-me muito cúmplice do que acabo de ler...
Beijinho

Lize disse...

Carta muito, muito bonita... :)
Mas tal como disse aqui a autora do comentário em cima, é extremamente pessoal... Muitas coisas que disseste só se pode tentar adivinhar o significado que realmente queres dar ao que dizes... Mas como sempre, escrito maravilhosamente bem.

(...) disse...

Vidas... voltas que a vida dá...Momentos... momentos que não se repetem mas que ficam para sempre...

Beijo...


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